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PRF 90 anos

História

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) foi criada pelo presidente Washington Luiz, no dia 24 de julho de 1928 (‘Dia da Polícia Rodoviária Federal’), com a denominação inicial de ‘Polícia de Estradas’. Em 1935, Antônio Félix Filho, o ‘Turquinho’, considerado o primeiro patrulheiro rodoviário federal, foi chamado para organizar a vigilância das rodovias Rio-Petrópolis, Rio-São Paulo e União Indústria. Sua missão era percorrer e fiscalizar as três rodovias utilizando duas motocicletas Harley Davidson e, nessa empreitada, contava com a ajuda de cerca de 450 vigias da então Comissão de Estradas de Rodagem (CER).

Em 23 de julho de 1935 (‘Dia do Policial Rodoviário Federal), foi criado o primeiro quadro de policiais da hoje PRF, denominados, à época, de ‘inspetores de tráfego’. No ano de 1945, já com a denominação de Polícia Rodoviária Federal, a corporação foi vinculada ao extinto Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER).

A PRF, assim como outras polícias, também é dotada de unidades de policiamento especializadas, como o Núcleo de Operações Especiais (NOE), cujos integrantes recebem treinamento especializado para atuar em ações específicas – como em Operações de Controle de Distúrbios, Ações Táticas, Anti e Contra Bombas, Tiro de Precisão, ações em área de caatinga etc.

As Equipes de Patrulha (RONDA) contam com Policiais altamente qualificados para as mais diversas situações encontradas nas rodovias federais, sendo que muitos desses agentes possuem especializações do mesmo nível dos que trabalham nos Núcleos de Operações Especiais (NOE).

Linha do Tempo

PRF completa 90 anos protegendo vidas!

Nesta terça-feira, dia 24, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) completa 90 anos atuando em mais de 70 mil quilômetros de rodovias federais e mantém acesa a chama do ideal de uma instituição que tem no seu DNA a vocação de preservar vidas. Atua nas mais diversas frentes que vão desde a fiscalização de trânsito ao combate a crimes ambientais, perpassando pela excelência na apreensão de drogas, armas e munições.

No dia 24 de julho de 1928 o presidente da República, Washinton Luiz, não imaginava que estava criando uma instituição que marcaria a história do Brasil. Uns poucos homens patrulhavam em suas reluzentes motocicletas Harley-Davidson a rodovia que ligava a cidade do Rio de Janeiro, à época capital do país, à Petrópolis. Pouco tempo depois, outras duas vias também ficaram sob a responsabilidade desses pioneiros. E foi nesse longínquo ano que nasceu a Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Uma cerimônia realizada no último dia 3 de julho marcou o início das comemorações dos 90 anos da PRF. A Polícia Rodoviária Federal foi homenageada em Sessão Solene no plenário Ulysses Guimarães, na Câmara dos Deputados, em Brasília.

LINHA DO TEMPO – Um pouco de história
 
 

1928

A Polícia Rodoviária Federal foi criada pelo presidente Washington Luiz no dia 24 de julho de 1928, através do Decreto nº 18.323 – que definia as regras de trânsito à época, com a denominação inicial de “Polícia de Estradas

 
 

1935

Apresentado ao engenheiro Yeddo Fiúza, “Turquinho” recebeu a missão de zelar pela segurança das rodovias federais e foi nomeado Inspetor de Tráfego, com a missão inicial de, usando duas motocicletas Harley Davidson, percorrer e fiscalizar as ditas rodovias, contando com cerca de 450 “vigias” da Comissão de Estradas de Rodagem (CER), para esse fim

 
 

1939

Da época de sua criação, até meados de 1939, o Sistema Rodoviário incluía apenas as rodovias Rio Petrópolis, Rio – São Paulo, Rio – Bahia e União Indústria. Somente em 1943, no Paraná, foi criado um Núcleo da Polícia das Estradas, com o objetivo de exercer o policiamento de trânsito em rodovias em construção naquele Estado. Daí em diante, foi-se ampliando a área de atuação da Polícia Rodoviária Federal até os dias de hoje, quando a malha rodoviária federal fiscalizada chega a mais de 70 mil quilômetros de rodovias e estradas, de Norte a Sul do Brasil

 
 

1947

Após a segunda guerra mundial, mais precisamente no mês de setembro do ano de 1947, o Brasil recebeu a visita presidente dos Estados Unidos da América, Henry Trumam. Para participar do encerramento da Conferência Interamericana da Paz, realizada na cidade de Petrópolis/RJ. Para a realização da escolta e segurança de tão ilustre autoridade, foi confiada à Polícia das Estradas, ou seja, à Polícia Rodoviária Federal, esta importante missão. Para tal foram adquiridas dez motocicletas Harley-Davidson. Assim, no dia 05 de setembro de 1947, realizou-se a primeira “escolta” da PRF

 
 

1978

Em 1978, cinquenta anos após sua fundação, a PRF recebeu as primeiras policiais em seus quadros. No concurso realizado naquele ano, com vagas distribuídas para todo Brasil, cinco mulheres foram aprovadas

 
 

1988

Com o advento da Constituição de 1988, a Polícia Rodoviária Federal foi institucionalizada e integrada ao Sistema Nacional de Segurança Pública

 
 

1990

Através da Lei nº 8.028, de 12 de abril de 1990, e do Decreto nº 11, de 18/01/91, a Polícia Rodoviária Federal passou a integrar a estrutura organizacional do Ministério da Justiça, como Departamento de Polícia Rodoviária Federal, tendo sua estrutura e competência definida no art. 23 do supracitado Decreto e no Regimento Interno, aprovado pela Portaria Ministerial nº 237, de 19/03/91

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Memórias Policiais

ORLANDO RIPPEL – 81 ANOS, 28 DE PRF (TURMA DE 1962)

Orlando Rippel, chamado de Inspetor Rippel pelos colegas, tem uma passagem marcante e afetiva na história da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Aprovado no concurso realizado em 1961, o ex-motorista da viação Única esteve presente na evolução do trabalho dos policiais rodoviários a partir de 1962, ano que ingressou na corporação, atuando inicialmente na estrada Rio – Magé. Um caso vivenciado na época nessa estrada, Rippel conta que estava fiscalizando a estrada e parou um caminhoneiro que estava com a licença para dirigir em dia, mas o exame de vista, prestes a vencer. O motorista conseguiu junto ao Departamento Estadual de Trânsito (DETRAN), uma licença especial para dirigir. Ao consultar o chefe do núcleo, Manoel Silveira de Freitas, perguntou se podia dispensar o motorista. Em vista da afirmativa da dispensa, o motorista ofereceu uma “cerveja” ao policial. Rippel inicialmente recusou, mas mediante insistência, acabou aceitando, uma vez que o oferecimento foi feito na frente do chefe e ele não se manifestou. De fato, nada falou na hora, mas o denunciou depois. O episódio rendeu uma transferência para outra unidade, na qual ficou a disposição do chefe da mesma: Alcides de Azeredo Freire. Um dia, o substituto do chefe perguntou: “O que está fazendo aí que não está na estrada?”. Após relatar o caso, ele exclamou: “Mas isso é um absurdo! Esses caras são loucos! Quer dizer, que ele estava junto, não falou nada? São uns imbecis!”. Passados dois, três dias, Rippel voltou às estradas. Em 1970, quando trabalhava no posto de Paraíba do Sul (Limoeiro), foi feita uma denúncia de corrupção contra ele, mas em outro posto na mesma cidade, o de Bem Posta. Depois de prestar depoimento, foi chamado em São Paulo para fazer acareação. Compareceu, por ter a consciência limpa e não ter o que temer. Acabou que não foi reconhecido pela vítima. “Em outubro/novembro de 1977, saiu um projeto do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER), que o transformava em uma SUTRAN, Superintendência de Transportes e Trânsito. Aí veio a questão: o que vão fazer com a polícia? Na época, cerca de 10% dos policiais eram estatutários e o restante eram contratados pelo regime da CLT (consolidação das leis trabalhistas), os celetistas.” Durante o tempo que trabalhou na União-Indústria, fez um curso de mecânica e foi transferido para a administração central. Lá, foi convidado a chefiar a divisão de manutenção de equipamentos. Rippel foi ao gabinete do Ministro da Guerra entre os anos de 1984 e 1985, enquanto chefe da Casa do Inspetor, que assumiu em 1980. Acompanhado de Narciso da Costa e Silva, já falecido, entregou uma carta pedindo para não acabar com a PRF, cuja extinção foi proposta pelo DNER. Por entender que a relação da polícia da estrada com o público era útil e eficaz, essa visita visava pedir uma intervenção, que contou com o comprometimento do ministro. Posteriormente, foram colhidas 175 mil assinaturas, das quais 150 mil provenientes da Casa do Inspetor, para que a PRF entrasse na pauta da Assembleia Nacional Constituinte. O abaixo assinado foi entregue por Rippel a Ulisses Guimarães. A inclusão foi aprovada pela larga votação de 442 a favor e dois contra. E foi assim que, na Constituição da República de 1988, a PRF passou a fazer parte do Ministério da Justiça, se tornando o Departamento de Polícia Rodoviária Federal. “ Fui entrevistado numa missa na Candelária (…) e o repórter me perguntou o que a gente pretendia, quais eram nossas reivindicações. Eu respondi: ‘Aprimoramento, treinamento, armamento (…). E o repórter disse: ‘Mas você até agora não falou no salário…’. Respondi: ‘Salário pra nós é segunda etapa; primeiro, nós temos que nos preparar para dar boa assistência ao usuário, depois a gente fala em salário.” Um caso que toca o coração desse inspetor vem de Minas Gerais. Ao encontrar com um deputado que representava esse estado, pediu que interviesse junto ao ministro da justiça, Ibrahim Abi-Ackel, pela manutenção da PRF. E eis que o deputado responde: “Você acha que o ministro Abi-Ackel vai se indispor com o Eliseu Resende (ministro dos transportes) por causa de vocês? Você está enganado. ”. Rippel sentiu subir uma ira, como nunca sentiu antes, virou as costas para o deputado e foi embora. A ira se justifica por uma palavra: descaso. Orlando Rippel se sente feliz por ter sido um representante da PRF, principalmente quando chefiou a Casa do Inspetor no início da década de 1980. “Tenho a consciência do dever cumprido”.

FERNANDO ANGOTTI – 72 ANOS, 30 DE PRF (TURMA DE 1975).

Fernando Angotti iniciou seu trabalho na Polícia Rodoviária Federal (PRF) no posto de Campos, em janeiro de 1976. Egresso da Aeronáutica, onde era cabo, prestou concurso e veio a trabalhar no citado posto por cinco anos, morando na cidade do Rio de Janeiro. Com a escala de trabalho 24h por 72h, ficava-se dois dias em posto e dois no Rio, numa viagem que durava quatro horas para ir e outras quatro para voltar, numa época em que a estrada era muito ruim. A vida de patrulheiro ficou exclusivamente em Campos. E foi nessa época que recorda de uma história emblemática. Um dia, eles e os colegas estavam no posto, quando encostou um Fusca, cheio com peças automotivas, entre elas: pneus, rádio e macaco. O motorista saltou do carro e se dirigiu a ele e os colegas falando: “Ô, seu guarda, tem um acidente ali próximo, e o carro tá lá embaixo lá…eu não sei se tem gente, pode ser que tenha gente ferida”. Angotti perguntou ao motorista se ele os levaria até lá, e de pronto o motorista concordou, sem saber que o policial já tinha percebido o que ele levava no carro. Ao chegar no local, Angotti e os colegas se dirigiram ao veículo e constataram que as peças que faltavam ao carro acidentado eram as que estavam no Fusca que os conduziu até o local do acidente. Questionado pela procedência das peças, o motorista respondeu: ”seu guarda…que problema tem? O carro está tombado aí mesmo…”. Não adiantou argumentar: o motorista, que estava acompanhado de um amigo, foi conduzido pela PRF à delegacia. Chegando lá, o motorista pede para ser “aliviado” por ser cunhado do inspetor chefe do posto em que estavam lotados. Mesmo assim, o registro foi feito e ele ficou preso por 30 dias. Quando o inspetor ficou sabendo, se dirigiu a Angotti para saber como tinha sido o ocorrido. E o inspetor esclareceu: “Ele disse que era meu cunhado? Então eu tenho milhares de cunhados aqui em Campos. Se toda a mulher com quem eu ando, o cara vai dizer que é meu cunhado…”. Na verdade, era uma desculpa para ter alguma facilidade mediante situações de risco. E assim, o dedicado policial pôde ouvir um elogio do inspetor: “Angotti, isso é mentira. O seu serviço está excelente, foi beleza, é isso mesmo que tem de ser feito”. “Eu fui trabalhar como despachante de veículos (…) e quem fazia o serviço da polícia [PRF] era eu. Fazia aqueles emplacamentos todos (…) Por isso, eu fazia esse círculos de amizade. Então a minha trajetória na polícia foi essa”. Em 1980, recebeu um convite para trabalhar na área administrativa, na sede da PRF no Rio de Janeiro, setor de multas, onde alcançou a chefia. Cargo que veio em boa hora, pois sempre gostou muito de “trabalhar com papel”. Depois, foi representante desse setor na JARI (recursos de multas) e também chefiou o policiamento, atuando em casos extraordinários. E foi nesse tipo de trabalho que ficou lotado até se aposentar. Um dos orgulhos que Angotti sustenta por ser PRF é o de ser uma pessoa bem vista que em 30 anos de serviços prestados, nunca teve um inimigo dentro da corporação. Mesmo aposentado, se tornou despachante de veículos e montou um escritório, que é vizinho ao prédio da PRF e também uma representação da Casa do Inspetor no Rio de Janeiro. Caso típico de um ser que tem na profissão, uma paixão.

ERALDO FRANCISCO DOS SANTOS – 70 ANOS, 38 DE PRF – TURMA DE 1974.

Eraldo é um patrulheiro de família cristã que, da Polícia Rodoviária Federal (PRF), guarda muitas recordações de uma atuação intensa, que incluem de acidentes a troca de tiros. Por isso, tem uma boa lembrança das situações que envolveram perigo. Numa delas, em um plantão noturno nas proximidades de Resende (Rio de Janeiro), com o parceiro Fonseca, fizeram sinal na estrada para um carro com dois passageiros parar, que não atendeu ao comando. Começou aí uma perseguição. Num dado momento, o carro parou e os passageiros se embrenharam na mata. Levados pela ansiedade de deter os elementos, ao invés de ficarem na rodovia e pedir reforço, Eraldo e seu parceiro entraram na mata atrás deles. Conseguiram prender os homens com o reforço solicitado a Polícia Militar (PM). Na delegacia, um dos homens detidos disse a Eraldo: “ Chefia, eu não matei o senhor porque não quis. O senhor passou duas vezes por mim, em frente a moita que eu estava escondido e eu com a arma apontada para o senhor e não atirei, não quis te matar. ”. Eraldo acredita que ele não atirou porque pensou que poderia morrer, caso o PRF revidasse. Essa ocorrência marcou por ter aproximado muito o patrulheiro da morte; ele atribui a Deus seu livramento. Situações de risco permeiam a memória de Eraldo. Estar na estrada a noite para sinalizar um acidente ou um carro enguiçado poderia render um atropelamento, em alguns casos, seguido de morte. Uma solução para se munir de um pouco mais segurança e prevenir esse tipo de ocorrência, era pedir nos postos de gasolina as latas de óleo descartadas. Dentro delas, eram colocados estopa e óleo queimado; assim, estavam prontas as lamparinas de lata, armazenadas dentro do carro, prontas a jogar luz nos trechos mais escuros da rodovia. “ O Papa…muito emocionante, muita adrenalina (…) Participei da escolta da Rainha da Inglaterra quando veio ao Brasil. “ O patrulheiro lembra de uma manifestação em Brasília (DF), em que iam para cidade muitos nordestinos de ônibus e a ordem dada à corporação de motos, no qual Eraldo era integrado, era interceptar, na via Dutra, todos os ônibus vindos dos estados do Nordeste e verificar se armas estavam sendo transportadas. E foi nessa operação que Eraldo passou por mais um livramento. Duas viaturas e cavaletes faziam o estreitamento da pista. Nos carros, os patrulheiros se revezavam para descansar. Ao usufruir do seu momento de descanso, uma carreta furou o bloqueio, derrubou os cavaletes e passou entre as viaturas, jogando-as cada uma para um lado. Culminou caindo num barranco, próximo ao posto de Penedo. Nenhum PRF se feriu e nem os ocupantes do caminhão. A visita do Papa João Paulo II ao Brasil emociona o patrulheiro: além de ter feito a escolta nas duas visitas ao Brasil, também escoltou a Rainha da Inglaterra, Elizabeth II, em sua chegada ao Brasil. Perigo, concentração e determinação: tríade que faz da carreira de Eraldo um misto de competência e risco.

ADILSON ALBERTO PEREIRA DE CARVALHO – 80 ANOS, 27 DE PRF (TURMA DE 1965)

Adilson entra na PRF em 1965, compondo a primeira turma celetista, ou seja, o contrato de trabalho era baseado na Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). Ficou mais de um ano a disposição. Depois, foi trabalhar internamente no escritório da chefia da PRF no Rio de Janeiro, durante dois anos. Seu primeiro posto foi na Rio – São Paulo, depois a Rio – Petrópolis até se aponsentar. Lembra dos acidentes, numa época em que os próprios policiais rodoviários faziam o socorro e conduziam as vítimas ao hospital na viatura. Um dos casos que lembra com clareza foi um grave acidente na altura de São João de Meriti, de um ônibus que se deslocou do acostamento e atropelou uma família. Ao chegar no local, viu duas vítimas fatais, meninas com idade estimada em 18 anos com fratura exposta na cabeça, um bebê na pista. As meninas, ele colocou na maca e o bebê levou no colo, que chorava muito até ser confortado por Adilson. Nesse tempo, tinha um rádio e entrou em contato com o hospital Getúlio Vargas. Ele foi o mais rápido que pôde e cortando caminhos, mas chegou no hospital. Lá, tomado por uma grande carga de nervosismo, não conseguiu tirar as vítimas do carro. A imagem das vítimas ainda vem em sua cabeça até hoje. Outro acidente foi na altura de Seropédica. Duas mulheres iam pra Barra Mansa, para o aniversário da mãe e o carro caiu na beira do rio. O Fusca saiu da pista e caiu do outro lado da margem e pegou fogo. Os corpos ficaram torrados, que a última posição que estavam foi preservada. Adilson não permitiu que os corpos fossem transportados na caçamba de um caminhão. A visão era muito chocante para serem levadas a céu aberto. “ Eu estive várias vezes em Brasília pela Casa [do Inspetor], e toda vez que tinha Brasília, não se via polícia melhor, mais equipada, mais preparada, porque ela foi ‘sofrendo’ etapas (…) isso aí foi muito importante para o crescimento da polícia.” Mas, nem todos os casos são tristes. Adilson não esquece do flagrante de atentado ao pudor1. Eram três horas da tarde, e o carro estava na beira da estrada. A viatura estava passando e Adilson viu a ação pelos pés do casal. Parou a viatura, saltou e se dirigiu ao carro, o homem veio, já xingando, se identificando como advogado. Depois de muita discussão, o homem foi identificado como procurador do DNER e a mulher, como esposa. Na Rio – Petrópolis, em 1970, surpreendeu um oficial da Marinha de tocaia, com dois atiradores. Eles passaram o dia todo, esperando a vítima, que foi morta com cinco tiros. Adilson conseguiu alcançá-los e prendê-los. O oficial já tinha uma extensa ficha criminal. Ainda na mesma década, prendeu um coronel do exército. Desceu de um Ônibus que ia para Petrópolis, um rapaz correndo, se dizendo ameaçado por um homem que estava dentro do ônibus armado. O policial entra no ônibus, tentando perceber quem está fora de controle, nervoso. Pediu para se identificar quem estava armado e o homem se apresentou. Alegou que a prisão iria atrapalhar a promoção dele, mas Adilson seguiu o procedimento e não sabe como ficou depois que a polícia do batalhão local veio buscá-lo. Para esse policial rodoviário, é um orgulho pertencer à corporação, de poder servir. A Casa do Inspetor é um marco da existência da PRF e todo esse orgulho se resume a uma palavra: realização. O resto, é só saudade!

ANTONIO MAGNO DO NASCIMENTO MORAES – 70 ANOS, 44 DE PRF – TURMA DE 1974.

Magno faz parte da turma mais emblemática da Polícia Rodoviária Federal (PRF). O ano de 1974 ofereceu à PRF um grupo de visionários que proporcionaram melhorias nas condições de trabalho da corporação. Uma geração nova para questionar a ordem vigente. Estavam prontos para se tornarem policiais de verdade, não serem simples guardas de estrada. O policial, que era instrutor do núcleo de motos, lembra das atitudes ousadas dessa geração. Uma delas foi fazer um abaixo assinado, levado à Assembleia Constituinte de 1988 para tirar a PRF da subordinação do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER) e torná-la departamento do Ministério da Justiça, concedendo poder de polícia à corporação. “ A revolução começou em 1974, na própria Polícia [Rodoviária Federal] em todos os sentidos. Inclusive, a Polícia [PRF] existe hoje por causa da turma de 1974. “ Magno destaca a falta de qualidade das viaturas. Carros que não ofereciam praticidade para o exercício da função, além de não estarem mecanicamente ”fortes” para serem submetidos a certas situações que a estrada impõe: buracos, desníveis, além de enchentes em dias de chuva forte. A manutenção deles dependia de “favores de beira de estrada”: conhecimento com mecânicos e borracheiros que atendiam nas rodovias para conseguir peças ou fazer consertos. Na função de instrutor do núcleo motorizado, Magno fez todas as escoltas de personalidades, chefes de estado e eventos, entre eles o papa João Paulo II, a rainha Elizabeth II e a Eco 92. Desde a infância, sua paixão eram as duas rodas; na PRF, além de compor o pioneiro núcleo de motos, formou várias gerações de patrulheiros motorizados. Magno qualifica esta época como a melhor de sua vida. Ao contar uma lembrança mais descontraída, Magno lembra a participação no carnaval de 1991 da escola Império Serrano (Madureira, Rio de Janeiro). A PRF foi citada no enredo e, junto com mais dois colegas do núcleo de motos, subiram no carro alegórico, juntamente com suas motos para participar do desfile. Magno sempre esteve junto aos colegas nesses momentos de luta e alegria. Ainda percebe algumas conquistas a serem efetivadas, mas não deixa de, mesmo aposentado, estar atento ao que acontece e chamar a atenção da importância da participação de todos os patrulheiros para que, o que ainda precisa ser mudado seja, de fato, concretizado.

JORGE PEREIRA DA SILVA – 69 ANOS, 44 DE PRF – TURMA DE 1974

Pereira não se orgulha apenas de ser policial rodoviário; mas também de ter pertencido a turma formada em 1974, que contribuiu muito para a construção da identidade da Polícia Rodoviária Federal (PRF). E, de lá até hoje, as iniciativas renderam em melhorias de condição de trabalho e reconhecimento da corporação. “ A amizade que você tem aqui [PRF], você não sabe o valor que tem. “ Recorda a luta dos policiais rodoviários, que alcançaram o pioneirismo ao fundarem o primeiro sindicato de servidores públicos no Brasil. Lembra o quanto era difícil lidar com dificuldades, entre elas, atirar. Era uma missão árdua ser instrutor de tiro com pouca formação. “ Atirar em alvo fixo é fácil, é difícil atirar num ser humano. “, afirma Pereira. Entre as boas coisas que trabalhar na PRF proporcionou, Pereira recorda das amizades. Um episódio envolvendo seu filho, no Shopping Tem Tudo (Madureira, Rio de Janeiro), Pereira recorda que se dirigiu ao local. Na altura de Campinho, se deparou com uma blitz da Polícia Militar (PM) e foi parado. Ao saltar do carro, um dos policiais o saudou: “ Fala, Federal! Tudo bem? “. Era um major da PM. Pereira relatou o que acontecia com o filho e, rapidamente, as viaturas da blitz foram designadas a acompanhar Pereira. Até hoje, ele não lembra do major. Dentre as ligações que duram até hoje, cita Washington Reis, prefeito de Duque de Caxias. Construir bom ambiente no trabalho pode proporcionar boas atitudes amizades e histórias.

PAULO DIAS DE SOUZA – 71 ANOS, 39 DE PRF – TURMA DE 1971

Paulo Souza trabalhou na Polícia Rodoviária Federal (PRF) seis anos no resgate, na rodovia Rio-São Paulo. Depois desse tempo, retornou ao patrulhamento de estradas, atuando como adjunto. Tempos depois, pediu para retornar ao resgate. A aposentadoria saiu em 2010 e, até essa data, foram momentos gratificantes, boa parte deles salvando vidas. “Eu estou vivo graças a Polícia Rodoviária”. Paulo perdeu a conta das vezes que ouviu essa frase. Considera esse reconhecimento importante para o exercício da profissão, pois a PRF se fazia presente nos momentos mais difíceis da população. “Me orgulho de ter sido o que sou, do que fiz, do que sou. Reconheço o que fiz que concretizou com a receptividade que o pessoal tinha por nós”, afirma Paulo, com um tom de emoção na voz. Nos conta ainda que, mesmo aposentado, lutou para a manutenção do resgate na corporação. “ Salvei muitas vidas, com a nossa chegada rápida…foi um ‘troço’ muito bacana! (…) A gente não esquece: fui útil pra alguém ” Com uma carreira marcada pelo atendimento aos acidentes da estrada, Paulo destaca dois momentos marcantes. O primeiro, foi uma colisão frontal, na reta de Piranema (Itaguaí, Rio de Janeiro). Um dos motoristas não resistiu e o outro tinha uma fratura exposta com rompimento da artéria femural; perdia muito sangue e as perspectivas não eram boas. Com a fratura consolidada e a hemorragia contida, Paulo e a equipe de resgate conduziram a vítima ao hospital Pedro II. Passados nove meses da ocorrência, Paulo estava na base do resgate em Seropédica (Rio de Janeiro), quando encosta um carro e saem dele uma mulher, três crianças e o motorista: a motorista que sobreviveu ao acidente. Para Paulo, ele disse: “ Obrigado pela minha vida ”. O segundo, foi um parto realizado dentro de um ônibus. Depois de auxiliar no nascimento da criança, a equipe foi buscar o médico para que fosse cortado o cordão umbilical. E, mais uma vez, Paulo foi agraciado com manifestações de gratidão pela vida!

HÉLIO DIAS DE SOUZA – Turma 1975

Meu nome é HÉLIO DIAS DE SOUZA, matrícula 164767, da turma de abril de 1975 – RJ, tomando posse em 20/05/1975. Trabalhei por uns dois anos no escritório da antiga 6ª Delegacia, sob a chefia do Insp. João Rodrigues e logo após a Renato Fernando Vizani no prédio do PC-1, hoje do Corpo de motos e canil. A mudança da sede da 6ª Del para a 6ª Residência do DNER, hoje 6ª UNIT em Seropédica ocorreu algum tempo depois. Passei para o serviço externo, rondas, postos, comandos de radar, etc… Só saí da Rod. Presidente Dutra e Rio—São Paulo antiga, durante um mês, para compor o efetivo da 10ª Del. De Campos, por falta de efetivo, (cada mês iam dois Patrulheiros de cada Delegacia). E assim foi até fevereiro de 2004, quando assumi o Nucom-RJ, onde fiquei até 2007, quando pedi minha exoneração e fiquei mais um ano, pedindo minha aposentadoria em janeiro/ 2008 e saindo em 13/05/2008, contabilizando exatos 33 anos dedicados a essa Instituição quase centenária que só me fez crescer como pessoa e profissional.

PAULO BURGER – 69 ANOS, 30 DE PRF (TURMA DE 1970)

O ingresso de Paulo Burger se deu em 1970. Seu trabalho era concentrado por Itaipava, Petrópolis e Paraibuna (divisa do estado do Rio com Minas Gerais). Era uma época que para se comunicar era difícil, pois não tinham rádio e, muitas vezes, a comunicação era feita por bilhetes: um carro ou caminhão que passava pelo local do acidente e levava o recado. Assim como, eram os motoristas que avisavam dos acidentes. Burger recorda de um acidente gravíssimo em 1972, em Paraibuna: um ônibus caiu no rio. Como era de noite e o rio estava muito cheio, só se conseguia ver as marcas do pneu no acostamento. Não tinham bombeiros por perto e um telefone de magneto era a única forma de chamar pelo socorro. O jeito era se dirigir ao comércio mais próximo e pedir para usar o telefone. E aguardar o socorro, que demorava mais de duas horas para chegar. Quando finalmente chegou ao local, o corpo de bombeiros resgatou mais de 40 corpos, entre adultos e crianças. “ Muito triste, muito triste. Aquilo me marcou muito. ”, afirma Burger. Dentre outros acidentes violentos, Burger presenciou outros casos interessantes. Em Itaipava, um veículo passa em alta velocidade, por volta das três da manhã e quase atropela o colega. O carro para mais adiante, o motorista salta e diz: “estão tentando me assaltar. ”. Uma viatura foi atrás de uma Variant azul, que supostamente estava seguindo o carro. Burger e o colega ficaram conversando com ele, que se identificou com diretor geral do DASP (Departamento Administrativo do Serviço Público), que hoje é Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Ele estava indo para o sítio de sua propriedade em Pedro do Rio e solicitou a cobertura dos policiais até chegar lá, no que foi prontamente atendido. Aproveitando a ocasião, Burger apresentou uma questão ao diretor do DASP: a PRF tinha um pedido de extensão de gratificação de 60% em cima dos salários vigentes para a categoria. O diretor pediu que fosse agendada uma reunião no prédio do Ministério da Fazenda, no Rio de Janeiro e deu ao policial rodoviário todas as orientações necessárias ao agendamento. Burger avisou Rippel, que compareceu a reunião com Joaquim Ferreira (Cigano) e Oliveira. Ao voltar, eles disseram que o diretor daria sinal verde para o pagamento da gratificação. A atuação de Burger ao atender um motorista assustado com uma tentativa de assalto, acabou por render uma conquista importante para a PRF. “ Eu tinha sangue de polícia. Por isso que estou aqui. A minha ficha funcional, com certeza, tem poucos elogios. Tem um elogio, que eu prendi cinco bandidos, todos assaltantes de banco de Curitiba (…). Eu tenho elogio do secretário de segurança do Paraná.” Em 29/06/1979, dia de São Pedro, tinha uma celebração na estrada União Indústria e uns 15 PRF’s estavam no local. Paulo Marcos, um colega já falecido, perguntou a Burger: “Quem conhece o sítio do Dragão aqui? ” Burger respondeu: ” Eu sei onde é.” Paulo pediu para Burger juntar quem ele tivesse e ir pra lá, mas só diria do que se tratava quando chegassem mais perto. Partiram duas viaturas em direção ao sítio, de propriedade do então presidente João Figueiredo. A missão era tirar de lá toda a família dele, mas não tinha mais ninguém. Enquanto permaneceram no local, Burger atendeu uma chamada telefônica pra lá de estranha. Após se identificar, ele ouviu do outro lado: “ Vocês não tem nada a ver com isso aí, não. Vocês estão se metendo num negócio que vocês não tem nada a ver com isso. Aqui quem fala é comando delta. ”, e desligaram o telefone. Uma hora após, apareceu o comando do exército e mandou todos ficaram com as mãos na parede, inclusive Burger, que resistiu. O telefone toca novamente e quem liga pede para chamar Burger: era o general Gentil Marcondes, que queria transmitir um recado do presidente Figueiredo, que agradecia pelo empenho e atuação dos PRF’s na ocorrência. Em outra ocasião, Burger e outros colegas compareceram a casa do presidente Figueiredo e tiveram a oportunidade de ouvir dele o seguinte relato: “ Olha, muito obrigado pelo que vocês fizeram pela gente, pela minha família. Agora, eu não faço mais pela Polícia Rodoviária, porque tem uma força que não deixa ela crescer.” Momento e palavras que ficaram eternizados na memória do policial. Para retomar os casos de estrada, Burger recorda de um acidente na BR040, próximo da Feira de Itaipava. No local tinha uma Fiat capotada e o motorista e a mulher muito machucados. O motorista foi identificado como o deputado federal Luiz Gallo, que viria a participar da Assembleia Nacional Constituinte e se lembrou do pronto atendimento dado pela PRF. A história mais marcante da vida de Burger é provavelmente essa: no dia 29/05/1972, um dia muito frio e com chuva na estrada União Indústria, um acidente entre um ônibus e um carro, com três vítimas fatais. A ferida que ele atendeu veio a se tornar sua esposa, com quem teve dois filhos. A atenção ao cumprimento do dever é essencial ao policial rodoviário e pode promover boas surpresas aos competentes patrulheiros. “ Eu tinha sangue de polícia. Por isso que estou aqui. A minha ficha funcional, com certeza, tem poucos elogios. Tem um elogio, que eu prendi cinco bandidos, todos assaltantes de banco de Curitiba (…) Eu tenho elogio do secretário de segurança do Paraná.”

CARLOS DARLAN VIEIRA COELHO – 67 ANOS, 35 DE PRF – TURMA DE 1974

Darlan lembra de muitas coisas em seu trabalho na Polícia Rodoviária Federal (PRF). Em seu reservatório de lembranças, as separa em tristes e alegres. E prefere iniciar suas histórias por uma triste. Em seu tempo de patrulha na rodovia Rio-Santos, no trecho entre os municípios de Itaguaí e Paraty, Darlan e seu parceiro Eli foram chamados para atender um acidente. Ao chegarem ao local, se depararam com duas crianças e a mãe atropeladas e mortas no meio da pista; estavam a caminho da escola. Coube a dupla de PRF’s ir em busca da família para comunicar o falecimento das vítimas. Ele encontra um homem trabalhando numa roça. Diante tamanha dor, choravam os patrulheiros e o pai. “ A Polícia Rodoviária é uma polícia de trânsito (…) mas na minha época, fazia mais funções educativas e de salvamento. “ Quando trabalhava no trevo de Itacuruçá, por volta de três horas da manhã, durante a fiscalização de ônibus, o inspetor René “sumiu”. Todos estavam a sua procura e o inspetor tinha caído num bueiro da rodovia Rio-Santos. Ele gritava de dentro do buraco e conseguiram uma escada para tirá-lo de lá. Em situação nada cômica, Darlan recorda quando mais teve medo. Num dia atípico, o patrulheiro conduzia sozinho o atendimento a um chamado de acidente. Nesse dia, chovia muito e várias barreiras tinham caído. Ao voltar do chamado em Manducaba, distrito de Angra dos Reis, debaixo de uma chuva muito forte, a água começou a arrastar a viatura em direção a uma ribanceira. Só com fé em Deus, recuperou o controle do carro e restabeleceu o trajeto. Darlan vê a atuação da PRF em sua época como educadora de trânsito e de salvamento e resgate de acidentes. Lembra que as viaturas tinham maca e a importância desses primeiros atendimentos, que salvaram inúmeras vidas.

MIGUEL LUIS FONTANA – 67 ANOS, 44 DE PRF – TURMA DE 1974.

O inspetor Fontana marca sua presença na Polícia Rodoviária Federal (PRF), na formação de tiro. Ao ingressar, nessa área, o treinamento consistia no disparo de cinco tiros. Inspirado no pai, que era caçador e atirava muito bem, desde os três anos de idade lidava com armas e tinha conhecimento a respeito. O curso de aprimoramento de tiro feito à época do ingresso na PRF, o levou a lutar por uma formação mais completa, para que os colegas tivessem mais segurança no exercício da função. A Fontana, juntaram-se mais dois colegas: Failde e Coelho. Conseguiram, junto a superintendência, uma verba para melhorar a formação. O que caracterizava a geração que ingressou no ano de 1974 foi enxergar a corporação de forma diferente, Devido à subordinação ao Departamento de Estradas de Rodagem (DNER), os PRF’s eram guardas de estrada; para fazer jus ao título de policiais, faltava postura e formação. Por isso, os anos de Fontana na corporação foi marcado por lutas, protestos e mudanças. “ A minha base é o tiro (…). O que marcou mais é o querer que nossos policiais, nossos colegas tivessem uma base maior [na formação de tiro]. ” Com respeito e consideração, recorda a atuação do colega Failde. Fontana o sinaliza como pioneiro desses movimentos. Na escola de instrução de tiro, iniciou como auxiliar de Failde, e teve a oportunidade de ministrar as aulas ao substituí-lo. Já aposentado, Failde foi chamado em Brasília para fazer o curso da Glock1, por tamanho prestígio conquistado com o pioneirismo de treinamento de tiro. A base de instrução de tiro foi instalada na rodovia Rio-Santos, numa época em que, recorda Fontana, o patrulheiro não tinha posto: só o carro para abrigar do tempo e dormir, dois patrulheiros por turno. Fontana sinaliza que as apreensões feitas nas estradas eram entregues à Polícia Federal (PF). Quando noticiadas, essas apreensões entravam na “conta” da PF, ou seja, figurava como se esta corporação tivesse feito a autuação. Fontana lembra da existência de um documento chamado “12.7”. Relata uma colisão frontal envolvendo um Fusca e um Toyota Bandeirante na altura de Itaguaí, no qual um dos motoristas sofreu traumatismo craniano, no ano de 1975. O patrulheiro encontrou uma soma em dinheiro (na moeda da época, 40 mil cruzeiros) dentro de um dos carros. Para a comprovação de entrega de material (qualquer material) na delegacia, o “12.7” era preenchido em duas vias. Fontana anotou, cédula por cédula, e se dirigiu para a entregar o material. Ao chegar na delegacia, o escrivão se assustou com a singularidade do “material”. O pai da vítima do acidente era comandante do quartel dos bombeiros do Campo de Santana, região centro do Rio de Janeiro. Passados alguns dias, Fontana estava de serviço em Itaguaí, quando parou um carro e o chamou: era o comandante e o filho. Vinham agradecer e, o elogio feito a Fontana à PRF, ele guarda até hoje.